Domingo
de Ascensão ano c 2016
Esta semana surgia num noticiário da
Internet a notícia: “Cientistas vão tentar ressuscitar mortos” . Trata-se da
tentativa, agora autorizada para uma empresa americana, de reanimar cérebros
clinicamente mortos, com a injecção de células estaminais. Em corpos ainda com
vida, claro. … É a reedição do sonho
constante da humanidade: buscar a fonte da imortalidade! Esta foi já a tentação de Adão, segundo o
relato simbólico do Gén. ao comer o fruto da árvore da vida …
Quando isto vier a acontecer –o que pode ser
possível!- Não resolverá o nosso problema! Só prolongará os nossos problemas e
debilidades, pois, ainda que venhamos a ter sete vidas –como os gatos ou como
nos jogos de computador !- continuaremos a ansiar pela vida em plenitude,
perfeita, de outra dimensão e nível … Sobrenatural. E esta é dom de Deus e
jamais será conquista humana.
É esta vida que contemplamos pela fé, hoje,
na Ascensão de Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, para nos garantir e
abrir a porta a essa Vida gloriosa, que será participação da própria vida
divina. Por isso Paulo pedia hoje, escrevendo aos Ef.,o Espírito de Sabedoria e
de revelação para podermos desvendar, ao menos um pouco, a meta da nossa
Esperança, a glória que nos aguarda, o poder de Deus em nosso favor. A prova e
garantia disso está na ressurreição de Jesus e a exaltação da sua humanidade
junto de Deus... que assim, enquanto homem é primeira das criaturas, cabeça do
povo que resgatou e nele crê, a sua Igreja.
A Igreja, no seu catecismo exprime assim a
sua certeza nesse futuro glorioso, transcendente, que chamamos de vida eterna
ou simplesmente Céu: “ Esta vida perfeita
com a Sª Trindade, esta comunhão de vida e de amor com Deus trino, com a Virgem
Mª, com os anjos e todos os bem-aventurados, chama-se Céu. É o fim último e a
realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade
suprema e definitiva” (CIC,1024).
A leitura de Act e do Ev. ambas do apóstolo
Lucas narram esta passagem de Jesus, da sua condição visível, terrena, à
condição transcendente, sobrenatural, invisível, definitiva... numa forma tão plástica e espectacular de Jesus
subindo ao Céu… como nós temos na ideia e vemos pintada.
Mas há
outras certezas que esta Palavra nos ensina. 1º: Jesus não veio cá
“instaurar o reino de Israel” como eles esperavam. Isto é: Jesus não veio impôr
a ordem e a felicidade na terra. Isso pertence-nos a nós, responsáveis pelo
cuidado deste mundo. 2º: Ele
envia-nos como testemunhas suas,
assistidos (iluminados e fortalecidos) pelo seu Espirito. Para ser fermento do
seu reino, de um mundo novo já, mas que, só no futuro, no céu, será perfeito.
3º: Jesus voltará, glorioso. Como, quando? Não sabemos. O que Jesus quer
certamente dizer-nos é que, no nosso fim, individual e, da própria humanidade…
quando deixarmos esta vida, Jesus virá a o nosso encontro para nos fazer
participar da sua glória, da sua vida, se agora seguimos os seus passos e
caminharmos ao seu encontro.
Esta linguagem talvez pareça aos humanos
de hoje, algo infantil. O homem científico e racional de hoje prefere pensar o
futuro conquistando e habitando no espaço cósmico, em novos planetas, num futuro de ficção científica. Há quem
explique que os nossos falecidos são agora estrelinhas no céu; há quem espere outra
vida reencarnando noutro ser, noutra pessoa melhor e famosa! Numa vida
prolongada e indefinida pelas novas potencialidades da medicina e da genética.
Muitas vezes serão divagações poéticas e envergonhadas para não encarar a
Verdade do nosso fim e do encontro com Deus, que espera de nós uma vida guiada
pela fé, mais fraterna e eticamente responsável.
Celebramos o 13 de Maio. Não é verdade de
fé. NªSª não disse nada de novo. Mas o Céu faz parte do conteúdo central da sua
mensagem. Apresentou-se como sendo do Céu … prometendo o Céu, na condição de
rezarem e fazerem penitência … prometeu o Céu aos pastorinhos e a outras
pessoas que estes lhe encomendaram. Também lhes fez sentir e viver a
experiência do horror dos que negam a salvação e preferem o inferno; Ensinou o
caminho para o céu: rezar, converter-se, não ofender mais a Nº Senhor … e até
ensinou a rezar pedindo: “levai as almas todas para o Céu, principalmente as
que mais precisarem!” E também sabemos o efeito, a força e sentido
extraordinário que essa certeza deu à vida de umas pobres crianças. Pensar no
Céu não pode meter medo mas deve ser a meta almejada que infunde à vida
sentido, inteligência e responsabilidade, alegria e confiança.
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